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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

sexta-feira, 26 de abril de 2024

SETE MESTRES PARA ABRIR UMA LOJA

(republicação)
Em 07.05.2018 o Respeitável Irmão Alveriano Dias, Loja Tomaz de Medeiros, REAA, Grande Loja Maçônica do Estado da Paraíba, Oriente de Picuí, Estado da Paraíba, envia através do Respeitável Irmão Hercule Spoladore a questão seguinte:

SETE MESTRES PARA ABRIR UMA LOJA

Em uma reunião foi questionado a possibilidade do Aprendiz ocupar cargos em Loja, principalmente no Oriente. Diante do exposto gostaria que você, se possível, respondesse o seguinte questionamento:

Para uma Loja funcionar é necessária a presença de sete obreiros, dos quais pelo menos três Mestres maçons. Então pergunto: se os outros quatro obreiros forem Aprendizes, nessa Loja pode funcionar os cargos de Orador e Secretário? Caso seja afirmativa a respostas, pergunto ainda: como pode um Aprendiz ocupar um cargo de Orador ou Secretário que tem assento no Oriente quando eles têm assento no Norte? Aguardo respostas, se possível dentro da filosofia maçônica.

CONSIDERAÇÕES:

REFLEXOS DA ÉTICA MAÇÔNICA

Charles Evaldo Boller
Carlos Alberto Peixoto Baptista
O Rito Escocês Antigo e Aceito tem rica filosofia da qual o Maçom dispõe para a sua autoconstrução. Este cabedal filosófico reflete-se na sociedade na forma de mudanças que promovem libertação do sistema humano que subjuga o pensamento das pessoas. E todas as mudanças sociais e políticas ocorrem antes na mente e depois se materializam na forma de ações e produtos em constante evolução e graus de complexidade. A transformação é obtida aos saltos pelos que trabalham os neurônios constantemente. Abruptamente, despertam, fixam-se e mudam conceitos, verdades. Ao longo da história humana os saltos intuitivos sempre foram influenciados por fatores ambientais, genéticos e culturais. O software da mente gravado no hardware do cérebro humano só progride em resultado da troca de informações entre indivíduos em debates, conversas ou leituras. O método maçônico visa estes saltos intuitivos dos seus adeptos para encontrar a solução de problemas que se refletem na sobrevivência pacífica da espécie humana.

O homem sempre usou dos pensamentos dos seus semelhantes para desenvolver máquinas, escrita, arte, ciência e toda a cultura existente. O Maçom usa os seus companheiros para deles extrair e desenvolver pensamentos que mudem a sua forma de pensar e agir no campo moral. Da camaradagem desenvolvida nas reuniões brota a força que muda intelecto, emoção e espiritualidade. É a energia condicionadora que o grupo social exerce sobre o indivíduo. E isto é realidade desde a época das cavernas, onde um ser humano influiu na educação do outro, até acumular no presente toda a vasta cultura política, metafísica, social e tecnológica. O Maçom é multiplicador da filosofia político-social da Maçonaria. Do conjunto de atividades do filosofar maçônico ele desenvolve posturas que constituem o código de ética que dirige os seus passos e que se reflete no meio social. E como ética e moral se confundem, pois é tênue a sua diferença e profundo o seu alcance, convém esclarecer o que é a ética maçonicamente orientada.

Na conceituação da Ética é possível identificar dois grandes campos de concepções fundamentais: na primeira concepção, “o bem seria para onde se dirigiria o homem”, e na segunda concepção, “o bem seria uma realidade, embora não inscrita na natureza, humana e alcançável” (Abbagnano, 1998, página 380 e 381).

A Ética, um ramo da Filosofia que busca os princípios ou fundamentos da natureza das ações humanas, pode também referir-se a princípios que fundamentam o pensar humano, sem formular ações ou regras de conduta, precisas e fechadas. Ética, também chamada de Filosofia da Moral, é caracterizada por ser um pensar reflexivo dos princípios ou fundamentos que determinam os valores e as normas que governam a conduta humana. Nesta perspectiva, a Ética, enquanto Filosofia da Moral, mantém ampliadas ligações de natureza prática com outras áreas do conhecimento humano, dentre as quais, a biologia, a antropologia, a economia, a sociologia, a teologia, a história e a política. São áreas do conhecimento caracterizadas por serem disciplinas regidas pela lógica cartesiana da sistematização, com ordenamento racional e perda do caráter sagrado, portanto, ciências descritivas ou experimentais.

A Ética, enquanto Filosofia da Moral, ao contrário, busca a determinação dos fundamentos ou princípios que justificam a natureza de teorias normativas e estando determinados os fundamentos ou princípios, aplica-os, se necessário, e quando for o caso, aos dilemas morais.

Algumas áreas do conhecimento que eram objeto de estudo da filosofia, em especial da Ética, após a revolução industrial e a consequente profissionalização e especialização do conhecimento, estabeleceram-se como disciplinas independentes e científicas. Assim, pôde a Ética ser definida como a área da Filosofia que estuda as normas morais nas sociedades humanas e que pretende explicar e justificar os costumes de uma determinada sociedade, bem como, solucionar dilemas a ela inseridos.

A Moral é um conjunto de normas e regras estabelecidas por cada sociedade e aplicadas ao quotidiano de cada pessoa. A Moral ocorre em dois planos: o normativo e o factual. De um lado, nela encontramos normas e regras que tendem a regulamentar a conduta dos homens e, de outro lado, um conjunto de atos humanos regulamentados por eles; cumprindo assim a sua exigência de realização (Vásquez, 1998, página 51-64). A Moral, com as suas normas e regras, que orientam e julgam as ações do indivíduo sobre o que é certo e errado, bom e mau, moral e imoral. Um pensar sobre a conduta.

A Ética investiga justamente o significado e propósito desses adjetivos, tanto em relação à conduta humana, como no seu sentido fundamental e supremo. Um pensar a partir de princípios ou fundamentos. Um infindável pensar, refletir e construir.

Noutra perspectiva, existe a Moral como primazia exclusiva, defendida por um sistema filosófico, o Moralismo, que fundamentou ideologias de intolerância, de preconceito e de puritanismo. Para alguns, a palavra Moral foi desqualificada por esta associação a Moralismo e, deste modo, justificaram a preferência em associar à palavra Ética as regras e os valores por eles consagrados. No campo das ideologias, não se pode deixar de apontar a diferença que se estabeleceu entre a lógica dos que associaram a palavra Ética às regras e valores por eles consagrados e a lógica dos moralistas, onde a Moral aparece como primazia exclusiva. Passou a referir-se a julgamentos éticos, ou princípios éticos, quando seria mais pertinente falar de juízos morais ou princípios morais.

Assim, existem pessoas que possuem um valor e por um processo psicológico que legitimam as normas ou regras decorrentes e pautam a sua conduta por elas, sem controle externo, só porque estão emocionalmente convictas de que esta regra representa um bem moral. Outras pessoas por costume e por hábito validam certas condutas.

Há aquelas que consideram determinadas condutas como boas, e assim, devem ser praticadas. Aqui o juízo de valor como matriz para a legitimação das normas. São exemplos de conduta Moral, de Moralidades. Existem pessoas em que os processos inconscientes seriam os determinantes da conduta moral, que são oriundos da sua individualidade pessoal e social, responsável pela forma habitual e constante de agir do caráter e da personalidade. Este é um exemplo de Ética, enquanto Filosofia da Moral.

A partir do final do século XIX, da era dos sofistas e início do século XX, observa-se na Ética ocidental três perguntas constantes:Seriam os juízos éticos reflexos dos desejos dos que os criam ou verdades inseridas neste mundo?;
Seria a ação boa, fruto da racionalidade construída, introjetada ou inculcada ou simplesmente ação vinculada ao interesse próprio?; e ainda,
Qual seria a natureza do certo, do errado e do bem?

Desde o início do século XX estes temas desenvolveram-se nas mais variadas formas, com ênfase na aplicação da Ética para problemas práticos e descritos como Ética normativa, Ética aplicada e Meta-ética. Esta última como estudo que, diferente de se prender à análise de teorias éticas ou julgamentos morais, dedica-se à busca da natureza dos juízos morais, se objetivos ou subjetivos.

Por óbvio, pode-se estar a inserir aqui a Ética Maçônica como estudo contemporâneo e ajustado ao paradigma deste milênio, quando ela busca ajudar os irmãos a legitimar intimamente valores, pela introjecção de princípios ou fundamentos que os farão conduzir-se, coerentemente, por normas e regras consagradas como boas e virtuosas. Abordam-se os princípios ou fundamentos filosóficos que pretendem ser valores intimamente legitimados pelos maçons e passem a ser sistema de regras e normas que os norteiem e os qualifiquem nas relações entre irmãos e sociedade.

Considera-se que o Maçom se aperfeiçoa gradativamente, lentamente acordando dentro de si mesmo, pela auto-educação, autoconhecimento e relações fraternas. Esta ética maçonicamente orientada, onde algumas etapas o levam a evoluir como pessoa humana pertencente a um único corpo vivo e interdependente ao qual se denomina humanidade.

E esta humanidade é o que o Maçom desenvolve em si na sua caminhada, na sua busca por religação ao divino e para cumprir a especificação de projeto do Grande Arquiteto do Universo. A ética maçônica tem reflexos imediatos na vida do cidadão formado nas colunas da Maçonaria. O Maçom que muda a si mesmo influencia o Universo inteiro e não apenas a circunvizinhança. Isto é perceptível na sua vida quando ao mudar paradigmas se torna dono do seu próprio futuro.

Fonte: https://opontodentrocirculo.com

quinta-feira, 25 de abril de 2024

QUESTÕES SOBRE RITUALÍSTICA

(republicação)
O Respeitável Irmão Bartholomeo Freitas, sem declinar o nome da Loja e Obediência, Oriente de Mossoró, Estado do Rio Grande do Norte, apresenta as questões seguintes:
bartholomeofreitas@gmail.com

Inicialmente parabenizo pelo essencial trabalho de orientação que vem exercendo, pois se não fosse ele, as divergências e a ciência do "achismo" já tinham criado um rito sobrenatural. Para discernir algumas dúvidas pergunto o seguinte:

a) Qual a forma correta de segurar a espada, tanto a ordem como ao andar em loja e quando fazer? 

b) É possível durante a fala de um Irmão que está de pé e a ordem que esse sinal tenha seu desfazimento autorizado pelos Vigilantes, quando nas Colunas, e o Venerável, quando o Irmão estiver no Oriente? 

c) Ao sair do Oriente e depois de saudar o Venerável para descer os degraus deve o Irmão que está a descer e depois de desfazer o sinal, virar sua frente para o Ocidente girando sua fronte que está voltada para o Venerável sempre no sentido para sua direita? 

d) O Irmão que está no Oriente pode falar sentado? 

e) Como deve ser usado o Saco de Proposta e Informações? Pergunto por que na Palavra ao Bem da Ordem é frequente se ver em Lojas o uso para diversos pedidos de pranchas de pesar, congratulações de entrega de documentos e outros pleitos para a Secretaria. 

f) O Irmão que chegar atrasado e após o início da sessão pode entrar em qual momento? E quando e como o Irmão Primeiro Vigilante deve proceder para avisar o Venerável sobre a presença do Irmão fora do templo? Nessa ocasião o Cobridor Interno avisa com Loja aberta diretamente ao 1º Vigilante? Se existir Cobridor Externo o Irmão atrasado por ele visto espera o Cobridor Externo avisar o 1º Vigilante quando entrar? 

g) Se a sessão existir vícios/defeitos de ritualística e/ou legais como o Orador deve proceder? Ele ao final pode deixar de concluir que a sessão foi "justa e perfeita"? 

h) O 1º Vigilante, como responsável pela instrução dos Companheiros e o 2º Vigilante, como responsável pela instrução dos Aprendizes, podem, durante determinados atos da sessão e sem atrapalhar a palavra de outros Irmãos, falar livremente com Aprendizes ou Companheiros explicando o ato ou dar outras orientações? 

i) Na ausência de Metre de Harmonia, o Cobridor Interno pode auxiliar na sonorização da sessão?

Considerações:

a) A espada é empunhada pela mão direita com o punho junto ao quadril direito com o braço e antebraço afastados do corpo e a lâmina em riste (verticalmente apontada para cima). Tanto estando em pé e parado (pés em esquadria) ou em deslocamento. Formas diferenciadas somente aquelas que estiverem previstas no Ritual (apresentando armas ao Pavilhão Nacional, bateria na porta, etc.). Situação que não esteja prevista para o ato de empunhar a espada, esta deve estar embainhada, ou mesmo presa a um dispositivo geralmente colocado atrás do encosto da cadeira. No Ritual de Mestre está previsto junto à fita com a joia um dispositivo para prender a espada. Não está previsto o ato de o Cobridor sentado manter a espada sobre as coxas e nem mesmo apoiá-la pelo punho com a ponta no piso.

b) Vigilantes não autorizam ninguém a desfazer o Sinal. Isso é prerrogativa apenas do Venerável somente quando realmente houver necessidade. Por exemplo: durante a leitura de um texto. Essa regra deve ser rigorosamente observada para não atentar contra a ritualística e prevenir certos discursos providos de extenso e rançoso lirismo, bem como manifestações repetitivas. O Obreiro compondo o Sinal atende a exigência da prática ritualística e não prolonga pronunciamentos pelo desconforto da posição assumida.

c) O Obreiro saúda o Venerável na forma de costume de frente para o mesmo. Terminada a saudação ele se vira normalmente para o Ocidente para dar continuidade ao seu trajeto. Ao se voltar para o Ocidente, não está previsto pelo qual lado ele deve girar. Tanto faz. Ele procede da maneira que melhor lhe convenha. O ato de girar no sentido horário apenas está previsto durante a circulação no Ocidente apenas ao se cruzar a linha imaginária do equador.

d) Esse costume aleatório de se falar sentado no Oriente caiu em desuso. Quem fala sentado no Oriente, salvo quando o ritual determinar o contrário é o Venerável, o Orador e o Secretário, todavia se os mesmos resolverem falar em pé, estes se posicionam à Ordem, inclusive o Venerável que deixa pousado o respectivo malhete sobre o Altar. Aproveitando: no Ocidente somente falam sentados os Vigilantes quando o ritual não determinar o contrário, porém se resolverem falar em pé, se posicionam à Ordem (também deixam os malhetes sobre suas respetivas mesas).

e) Por si só o título já determina: colhem-se propostas e informações. A questão é a de que se as propostas e as informações sejam realmente passíveis de assim serem definidas. O Orador deve observar se o conteúdo está de acordo com os princípios e leis da Maçonaria.

f) O bom mesmo é que ninguém chegue atrasado. Um atrasado não ingressa no Templo durante a abertura dos trabalhos ou em andamento de um procedimento. O Cobridor Interno ao ouvir a bateria maçônica (de Aprendiz), em qualquer grau que a Loja esteja trabalhando, se o momento for propício, ele anuncia ao Primeiro Vigilante que por sua vez anuncia ao Venerável dando-se o andamento dos métodos necessários. Se no momento estiver ainda presente no átrio o Cobridor Externo, ele bate na porta. Em qualquer situação quem bate na porta pelo lado externo aguarda. Se o momento não for propício para entrada o Cobridor Interno responde pela bateria de Aprendiz o que significa que se deve aguardar e nunca elevar a bateria para outro Grau. Dada essa prática, ninguém mais bate na porta. Havendo Cobridor externo ele verifica se o “atrasado” tem qualidade de Grau para adentar na Loja. Não havendo Cobridor Externo, no momento apropriado o Interno devidamente autorizado faz a verificação entreabrindo a porta. Outras observações. Após a circulação do Tronco ninguém mais ingressa no Templo. Da mesma forma em Sessões que demandem do ingresso formal do Pavilhão Nacional, após a sua entrada ninguém mais adentra na Loja.

g) Isso seria um verdadeiro contrassenso. Se o Orador está presente como fiscal da Lei e, em havendo descumprimento da mesma, o Guarda da Lei interfere imediatamente e não espera o final para declarar uma sessão injusta e imperfeita. Se ele assim proceder estará incorrendo no mesmo erro. Afinal o mal deve ser cortado pela raiz.

h) Obviamente que sim. Existe a regra formal que se embasa nas tradições, usos e costumes da Maçonaria, todavia isso não impede que outros Mestres ocupem o período de instrução contribuído para a formação de Aprendizes, Companheiros e de outros Mestres, todavia com bem disse o Irmão, esse processo deve ser preparado e organizado para que realmente atinja o objetivo.

i) No caso do Cobridor preencher esse ofício, na atualidade ele é perfeitamente exequível, posto que os aparelhos eletrônicos de som sejam geralmente acionados por controle remoto. No caso do Cobridor, há que observar que ele auxilia do seu lugar em Loja, nunca o abandonando para o exercício do ofício deficitário. Essa precariedade não é recomendável nas Sessões Magnas de Iniciação, dado que nessa cerimônia é imprescindível a presença do Mestre de Harmonia.

T.F.A. PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.088 - Florianópolis (SC) – segunda-feira, 26 de agosto de 2013

FRASES ILUSTRADAS

O PADRINHO (II)

Rui Bandeira
Para além da indispensável função de auxiliador da integração do novel elemento na Loja, o Padrinho deve assumir uma outra função em relação àquele que propôs para integrar a Loja, relacionada com a formação do Aprendiz.

A formação dos Aprendizes decorre sob a direção do 2.º Vigilante, seu responsável. O Padrinho não pode, nem deve, substituir-se-lhe. Mas pode, é é útil que o faça, exercer um precioso papel complementar. Não nos esqueçamos que o 2.º Vigilante tem de coordenar a formação de um conjunto de Aprendizes, com diferentes personalidades, variados percursos de vida, diversas preparações, separados interesses, para além do comum, relativamente à Arte Real, vários tempos de permanência no grau - e, portanto, dissemelhantes estádios de evolução no conhecimento e tratamento dos elementos simbólicos catalisadores da evolução de cada um. O 2.º Vigilante elabora um plano de formação que, necessariamente, é um máximo denominador comum em relação a todo este conjunto de variáveis - e, logo, um programa apenas básico, que carece de ser desenvolvido e completado por cada um dos próprios Aprendizes.

É no auxílio personalizado ao seu afilhado que o Padrinho tem, neste campo, um particularmente útil papel. O seu afilhado tem dificuldades em encontrar bibliografia para estudar qualquer tema? Deve recorrer ao Padrinho. Pelo contrário, o Aprendiz depara-se com uma extensa lista de elementos bibliográficos, com muito lixo e muita esotérico-birutice misturados com elementos relevantes? Cabe ao Padrinho guiar o seu afilhado, apontar-lhe o que é válido, adverti-lo em relação ao que não tem valor ou interesse. O Aprendiz está num estádio mais avançado que o plano de formação geral proporcionado? Incumbe ao Padrinho complementar essa formação genérica, apontando-lhe pistas de investigação ou meditação, exortando-o a ir mais além ou estudar com maior profundidade e a registar o resultado do seu labor, e seguidamente, criticando construtivamente esse resultado, iluminar insuficiências, expor contradições, indicar caminhos de exploração alternativos, enfim, corresponder ao interesse e capacidade do Aprendiz e ajudar a que seja frutífero um tempo que, sem essa ajuda, seria sentido como uma desilusão. Pelo contrário, o Aprendiz tem dificuldade em entender a simbologia, em tratar determinado tema, em assimilar certo ensinamento? O Padrinho deve ser o auxiliar que ajuda à ultrapassagem da situação.

Em matéria de formação do Aprendiz, o Padrinho deve ser um verdadeiro tutor, no sentido (em inglês) do termo que lhe é dado pelas Universidades anglossaxónicas: um guia, um auxiliar, um apontador de caminhos, um crítico, um gestor e disciplinador do processo de aquisição de conhecimentos.

Mas - atenção! - nunca um substituto do responsável da formação e nunca um substituto do próprio Aprendiz. O trabalho que o Aprendiz deve fazer deve ser feito por ele - não pelo Padrinho. "Fazer a papinha toda" ao Aprendiz é o mesmo que não o formar, método quase assegurado de falhar a sua formação. O tutor (em português) da árvore auxilia-a, enquanto pequena e frágil, a manter-se direita e a resistir ao vento, proporcionando-lhe tempo e condições para que cresça, robusteça, se fortaleça - não é seu objetivo que cresça em vez dela...

Este papel do Padrinho na formação do seu afilhado termina ou, pelo menos, atenua-se muito sensivelmente, quando ele finda o seu período de aprendizagem e é passado a Companheiro. Aí o tempo é já outro, a independência do obreiro cresce, em conjunção com a sua aumentada capacidade, o seu desejo de começar a trilhar por si os seus próprios caminhos emerge. Cabe ao Padrinho então afastar-se e observar à distância, só intervindo em duas situações: ou perante pedido expresso do afilhado ou se verificar evidente e grave desvio de percurso, que levará o obreiro a falhar a sua caminhada, em intervenção de urgência para tentar voltar a pôr nos carris o que porventura tenha descarrilado. Mas, na maior parte das situações, quando o seu afilhado passa a Companheiro, o Padrinho passa a ser apenas um atento e disponível observador do seu afilhado, na caminhada que o levará, no passo seguinte, à plena igualdade de ambos.

Fonte: http://a-partir-pedra.blogspot.com.br

quarta-feira, 24 de abril de 2024

SAUDAÇÃO

(republicação)
O Respeitável Irmão Luiz Antonio Cunha Barreto, Secretário, sem declinar o nome da Loja, GOIPE (COMAB), Oriente de Recife, Estado de Pernambuco, apresenta a questão que segue:
luizantonio2005@hotmail.com

Gostaria da ajuda do Irmão para uma dúvida que surgiu em Loja no dia de ontem. Ontem houve a apresentação, por parte de um Aprendiz, de uma Peça de Arquitetura. Ocorre que, ao ser colocado entre Colunas, o Irmão foi instruído por mim, previamente, a fazer a saudação (em silêncio) encarando o Oriente, repetir a saudação voltando à cabeça (só a cabeça e não o corpo - em silêncio) energicamente para a direita; repetir a saudação, voltando à cabeça energicamente para a esquerda - em silêncio, olhando em cada uma delas ao Venerável Mestre, 1º Vigilante e 2º Vigilante, respectivamente. Considerando que o Ritual é omisso com relação à apresentação de Peça de Arquitetura, ao instruí-lo tomei por base o princípio da analogia, pois levei em consideração que o mesmo já se encontrava entre Colunas, e usei por base a instrução da marcha do Grau. Fui questionado com relação ao silêncio na saudação, pois alguns Irmãos foram incisivos dizendo que devia se falar os cargos (Venerável Mestre, 1º Vigilante, 2º Vigilante) no instante da saudação. Gostaria de um momento de luz para a dissolução deste impasse.

Considerações:

Um obreiro ao fazer o uso da palavra, primeiramente menciona: Venerável Mestre, Irmãos Primeiro e Segundo Vigilantes, meus Irmãos. Ele pode também proferir: Luzes, meus Irmãos. 

Um Irmão em pé em Loja aberta estará à Ordem (corpo ereto, pés em esquadria, compondo o Sinal com a mão, ou mãos se for o caso). Caso ele precise ler um texto ele não comporá o Sinal, todavia segura o texto escrito com as duas mãos, porém com o corpo ereto e os pés em esquadria. Primeiro ele faz menção às Luzes e demais Irmãos e lê o escrito. 

Quem faz a apresentação de uma Peça de Arquitetura não precisa necessariamente se posicionar entre Colunas. É sempre preferível que o procedimento seja feito do seu próprio lugar. O protagonista se preferir mencionar os cargos das Luzes da Loja dirige discretamente o olhar a cada um deles sem qualquer movimento enérgico. Estando com o Sinal composto ele não o desfaz a cada citação senão ao término de sua fala. 

Como descreve o Irmão com movimento enérgico e em silêncio não faz parte dos nossos costumes no momento do uso da palavra. O movimento de virar o olhar para a saudação de entrada às Luzes é apenas aquela feita por ocasião da Marcha do Grau. 

O que realmente existe é a distinção de procedimentos, ou seja: aquele referente ao ingresso pela Macha onde existe a saudação pelo Sinal feito às Luzes da Loja imediatamente após o encerramento da Marcha quando o Obreiro na forma de costume executa o procedimento pelo Sinal girando o pescoço na direção daquele que está sendo saudado, enquanto que o outro se refere não a saudação, porém a prática de mencionar os cargos estando à Ordem o que não pode ser confundido com saudação. 

Finalizando a questão: não existe na ocasião mencionada esse movimento “enérgico”. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.087 - Florianópolis (SC) – domingo, 25 de agosto de 2013

PÍLULAS MAÇÔNICAS

nº 44 - Esotérico e Exotérico

Vejam duas palavras muito semelhantes, mas de significado totalmente diferente. O “Novo Dicionário Básico da Língua Portuguesa – Aurélio” nos relata:

ESOTÉRICO: 1) diz-se do ensinamento que, em escolas filosóficas da antiguidade grega, era reservado aos discípulos completamente instruídos. 2) todo ensinamento ensinado a circulo restrito e fechado de ouvintes. 3) diz-se de ensinamento ligado ao ocultismo. 4) compreensível apenas por poucos; obscuro; hermético.

EXOTÉRICO: 1) diz-se do ensinamento que, em escolas filosóficas da antiguidade grega, era transmitido ao publico sem restrição, dado o interesse generalizado que suscitava e a forma acessível em que podia ser exposto, por se tratar de ensinamento dialético, provável, verossímil.

Referente à Maçonaria, temos alguns relatos de conceituados Mestres:

Octaviano Bastos: “na Maçonaria, a parte esotérica ou interna só é conhecida dos estudiosos e compreendida dos homens de alma e faculdades privilegiadas, e por isso o esoterismo da Ordem constitui a Iniciação íntima em todos os segredos e tendências Maçônicas”.

Albert G. Mackey: “as palavras esoterikós, interno, e exoterikós, externo, derivam do grego e foram usadas, em primeiro lugar, por Pitágoras, cuja filosofia foi dividida em exotérica, isto é, aquela que ensinava a todos; e a esotérica, ou aquela ensinada a alguns poucos selecionados; dessa forma, os seus discípulos foram divididos em duas classes, de acordo com o grau de Iniciação que tinham atingido ... esse modo dúplice de instrução foi imitado por Pitágoras dos sacerdotes egípcios, cuja teologia eram de duas espécies – uma exotérica dirigida para o público em geral e a outra esotérica, e limitada a um número selecionado de sacerdotes e aos que possuíam ou estavam para receber o poder real. Dois séculos mais tarde, Aristóteles adotou o sistema de Pitágoras, e no Liceu de Atenas, de manhã, comunicava aos discípulos selecionados as suas sutis e ocultas doutrinas, e a tarde, ensinava sobre assuntos elementares a uma assistência indistinta”.

Nicola Aslan: “como em todas as escolas filosóficas e iniciáticas são inúmeros aqueles que não passam do umbral. Por isso, inúmeros Maçons, que não passaram do estudo do aspecto social da Maçonaria, não tendo conseguido compreender ou se interessar ao aspecto esotérico e iniciático da Instituição, tem-se mostrado desiludidos. Porem, se por seus próprios esforços conseguirem retirar a venda que tem sobre os olhos, há de lhes aparecer uma visão deslumbrante da “Luz” iniciática e maçônica”.

Fonte: pilulasmaconicas.blogspot.com